80% das crianças e adolescentes de 11 a 17 anos não realizam atividade física suficiente.

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Com a enorme revolução eletrônica nos últimos anos, adolescentes estão mais envolvidos na recreação digital do que na recreação ativa, e isso precisa ser resolvido.

Em recente entrevista, o senhor se preocupou com o alto índice de absenteísmo escolar, correto?

Dois milhões de adolescentes fora da escola por não ter como frequentá-la. Tal número causa preocupação. São crianças e adolescentes que precisam trabalhar para ajudar os pais, não encontram emprego, ficam desnorteados e até podem cair nas mãos da violência e do tráfico.

 

A prática de esportes ou qualquer atividade física melhoraria tal cenário?

Com a mais absoluta certeza. Só que, no nosso País, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 84% dos jovens entre 11 e 17 anos são bem pouco ativos fisicamente. Esses dados demonstram, ainda, que nenhuma melhora significativa ocorreu nos últimos 15 anos. O trabalho analisou o comportamento de 1,6 milhões de jovens em 146 países.

 

Além do absenteísmo escolar, sedentarismo?

Isso aumenta a minha preocupação que, no Brasil, corremos o risco de termos uma geração perdida.

Para a OMS, o ideal é que jovens nessa faixa etária façam pelo menos 60 minutos de atividade física moderada cinco vezes por semana.

 

A OMS destacou a diferença nos níveis de atividade física de meninas e meninos?

Enquanto 78% dos meninos brasileiros fazem menos exercício do que deveriam, o percentual é de 89% entre as meninas. A diferença é de 11 pontos percentuais. Apenas um em cada três países pesquisados registraram diferença de mais de 10 pontos percentuais entre garotos e garotas. O Brasil é um deles. É preciso, portanto, estimular atividades físicas que despertem o interesse feminino e, também, investir na criação de espaços onde as meninas se sintam seguras para praticar esportes.

 

Quais as razões para o sedentarismo?

Além de questões sociais que revelam o abismo que separa classes sociais no Brasil, há o perceptivo aumento no uso de equipamentos eletrônicos pelos jovens. Segundo a analista da OMS, Leanne Riley, houve uma enorme revolução eletrônica nos últimos anos. Os jovens dessa idade estão mais envolvidos na recreação digital do que na recreação ativa, e isso precisa ser resolvido.

Outra possibilidade é a falta de estímulo para o exercício no ambiente escolar, que tem um papel importante na vida de jovens entre 11 e 17 anos.

 

O Sintracon-SP pode fazer alguma coisa para ajudar?

Há bom par de anos, adotamos a filosofia do sindicalismo cidadão. Julgamos necessário fazer pelos trabalhadores ainda mais do que negociar benefícios e melhores salários. É preciso participar do dia a dia das comunidades carentes, mais periféricas. Radiografar problemas e encaminhá-los a setores públicos ou privados pertinentes para solução. Pois bem. O Sindicato Cidadão acredita que o esporte é uma ferramenta importante de transformação social, que pode mudar a história de uma criança ou jovem.

 

E a partir daí?

Estamos apresentando um novo projeto de parceria com construtoras e empresas diversas com o objetivo de inaugurar, em pontos periféricos, pelo menos 100 quadras poliesportivas. Esperamos entregar à comunidade dezenas delas até o fim do ano.

Já conquistamos uma, que em breve será inaugurada.

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